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ELA ACREDITAVA EM ACREDITAR

ELA ACREDITAVA EM ACREDITAR

No livro A Hora da Estrela, Clarice Lispector escreve: ela acreditava em anjos e, porque acreditava, eles existiam.

Esta frase faz lembrar-me de Jung, no livro Psicologia e Religião Oriental onde dizia a certa altura para explicar o sentido puro da palavra maya, que as divindades hindus eram consideradas por eles, projeções de suas mentes.

Vemos que a natureza humana é criadora por excelência e sendo assim, capaz de produzir verdades que por vezes a são somente para quem as criou.

Ao acreditar em anjos, ou acreditar nas divindades, tanto Macabéa (personagem do livro de Clarice) quanto os hindus (do livro de Jung), promovem uma crença construtora de sua verdade.

Quão relativas são as verdades, as certezas, tanto as nossas quanto as dos outros.

É nosso ego que se esforça tanto para que sejamos donos da razão quando no máximo, podemos ser donos de nossa própria razão, não tendo a pretensão de algo impor, impingir uma verdade nossa em forma de realidade comum a todos.

Ela acreditava em anjos e para ela, eles existiam. O que nos importa? Talvez, saber de sua felicidade independente de ser real ou não. Mas quem somos nós para dizer se é real ou não a sua felicidade? Mas quem somos nós para dizer se alguém está ou não com a razão? Até onde vai nossa arrogância tentando esconder nossa fraqueza? Até onde vai nossa falta de limite tentando nos convencer que somos livres? Até onde vai nossa busca de amor que faz-nos esquecer de amar? Até aonde vai nossa sanidade para chamar alguém de louco? Até onde vai nossa loucura achando que existe sanidade no mundo?

Ela acreditava em anjos e você, em que acredita?